Resultado confirma trajetória de crescimento moderado da economia, com expansão do agro, alta de investimentos e recuperação do consumo das famílias no início de 2025
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, na comparação com o trimestre anterior, com ajuste sazonal. O resultado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi comentado em Nota Informativa na sexta-feira (30/5) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda. A Secretaria afirmou que foi impulsionado principalmente pelo forte desempenho da agropecuária, que avançou 12,2% no período. O crescimento veio ligeiramente abaixo das projeções da SPE (1,6%) e da mediana do mercado (1,5%), mas confirma a continuidade da trajetória de expansão da economia brasileira.
Pela ótica da demanda, a absorção doméstica foi determinante para o resultado, contribuindo positivamente em cerca de 1,2 ponto percentual — mais que compensando o impacto negativo do setor externo. “Atividades menos sensíveis ao ciclo monetário e de crédito contribuíram em maior magnitude para explicar a expansão da atividade no primeiro trimestre, com destaque para a agropecuária. Em contrapartida, a contribuição de componentes menos cíclicos foi relativamente menor, embora também positiva”, ressalta a Nota Informativa da SPE.
Pela ótica da oferta, além da alta expressiva da agropecuária, os serviços cresceram 0,3%, mantendo ritmo semelhante ao do trimestre anterior (0,2%). A indústria registrou leve recuo de 0,1%, após crescimento de 0,2% no quarto trimestre de 2024, impactada pela queda na indústria de transformação e na construção.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 1%, revertendo a queda de 0,9% no trimestre anterior. Já o consumo do governo desacelerou, passando de 0,5% para 0,1%. O investimento — medido pela formação bruta de capital fixo — avançou 3,1%, marcando o sexto trimestre consecutivo de crescimento.
As exportações também se recuperaram, com alta de 2,9%, frente à queda de 1,2% no trimestre anterior. Por outro lado, as importações cresceram 5,9%, acelerando em relação aos 0,7% do quarto trimestre de 2024, o que acabou contribuindo negativamente para o resultado do PIB na margem.
Já a taxa de investimento subiu de 17,1% para 17,8% do PIB na passagem do quarto trimestre de 2024 para o primeiro trimestre de 2025, segundo a SPE.
Comparação com 2024
Na comparação com o primeiro trimestre de 2024, o PIB cresceu 2,9%, desacelerando em relação aos 3,6% registrados no quarto trimestre do ano passado. O resultado reflete, sobretudo, o desempenho excepcional da agropecuária, que cresceu 10,2% na comparação interanual, impulsionada por uma safra recorde de grãos, especialmente soja, arroz e milho. “A alta expressiva está relacionada ao novo recorde projetado para a safra de grãos esse ano, com crescimento expressivo da produção de soja, arroz, e milho, lavouras colhidas majoritariamente no primeiro trimestre”, aponta a SPE.
A indústria cresceu 2,4% na comparação interanual, levemente abaixo dos 2,5% do trimestre anterior, com desaceleração na construção e na indústria de transformação. O setor de serviços também perdeu ritmo, passando de 3,4% para 2,1%, influenciado pela moderação no comércio, transportes e serviços de utilidade pública.
Do lado da demanda, o consumo das famílias desacelerou de 3,7% para 2,6%, refletindo menor expansão da massa de rendimentos, do mercado de trabalho e do crédito. O investimento manteve forte desempenho, com alta de 9,1%, enquanto as exportações cresceram 1,2% e as importações, 14%.
Acumulado em quatro trimestres
No acumulado de quatro trimestres, o PIB brasileiro cresceu 3,5%, ligeiramente acima dos 3,4% registrados no quarto trimestre de 2024. A agropecuária, que vinha de queda, voltou a crescer (1,8%). Já a indústria (3,1%) e os serviços (3,3%) apresentaram leve desaceleração em relação ao período anterior.
Pela ótica da demanda, houve recuo no ritmo de crescimento do consumo das famílias, de 4,8% para 4,2%, e do consumo do governo, de 1,9% para 1,2%. Em contrapartida, o investimento acelerou de 7,3% para 8,8%.
Perspectivas para 2025
Apesar do desempenho um pouco abaixo do esperado no primeiro trimestre, a projeção da SPE para o crescimento do PIB em 2025 segue em 2,4%. A expectativa é que o ritmo da economia se estabilize na margem, refletindo os efeitos da política monetária, mas sustentado pela resiliência do mercado de trabalho e do crédito.
“O carrego estatístico para 2025 passou de 0,5% para aproximadamente 1,8%”, destaca a nota, indicando que o desempenho do primeiro trimestre já garante uma base relevante para o crescimento anual.
Na comparação internacional, o Brasil se destacou entre os países do G20 no primeiro trimestre de 2025. O país ficou na primeira posição no crescimento na margem, seguido por China e Turquia, além de ocupar o terceiro lugar tanto na comparação interanual como no acumulado em quatro trimestres, atrás apenas de China e Indonésia.
Fonte: Ministério da Fazenda